Dzi Croquettes
Sig.
Dzi: Aportuguesamento do artigo da língua inglesa ‘the’.
Croquettes: "Porque nós não passamos de croquetes. Porque nós somos feitos de carne."
O grupo de teatro e dança Dzi Croquettes surgiu em 1972, e é considerado um símbolo da contracultura por ter afrontado a ditadura militar no Brasil com sua desobediência inteligente.
No momento mais repressivo da ditadura, Dzi apareceu com uma originalidade que transcendia a sexualidade. O seu estilo andrógeno e debochado atraiu grande público, não só brasileiro, mas também, graças a fã e "madrinha" do grupo, Liza Minneli, teve uma temporada triunfal em Paris.
"Eu acho que as pessoas iam e nem tinham condições de falar que não gostavam. Porque era tanto ineditismo, excentricidade, originalidade..." Leiloca
O show foi banido pelo Serviço Nacional de Teatro. A censura estava em seu auge e, obviamente, a comédia que confrontava o fechamento da liberdade e debochava da atual situação do país acabou por chamar a atenção da ditadura. Mas, apesar de saberem que o show era "perigoso", a ditadura não conseguiu definir o que havia de errado com o grupo. Isso porque o ponto que tornou o espetáculo parte da contracultura era muito mais do que físico, era uma ideia.
"– Desculpem pessoas, nós não somos homens...
– Mas nós também não somos mulheres não...
Nós somos gente!
– Exatamente. Nós juntamos. E nos tornamos apenas uma coisa: pessoas."
Dzi Croquettes também é o nome do documentário brasileiro que tem direção de Tatiana Issa e Raphael Alvarez. Conta com depoimentos de amigos e artistas como o diretor e coreógrafo americano Ron Lewis, Gilberto Gil, Nelson Motta, Marília Pêra, Ney Matogrosso, Betty Faria, José Possi Neto, Miéle, Aderbal Freire Filho, Jorge Fernando, César Camargo Mariano, Elke Maravilha, Cláudia Raia, Miguel Falabella, Liza Minnelli, Pedro Cardoso, Norma Bengell. Como também integrantes originais do grupo: Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda.
“A ditadura apagou qualquer imagem existente dos Dzi Croquettes” Tatiana
E assim, o documentário tem um grande valor histórico. Por não permitir que esse movimento cultural brasileiro deixasse de ser lembrado pelas novas gerações. A filmagem ganhou mais de 25 prêmios internacionais e é o documentário mais premiado da história do Brasil.
“Pareciam borboletas. Eram lindos.” Ney Matogrosso